sábado, 6 de junho de 2020

A música que foi proibida por ser bonita demais!


 Há historias que de tão incríveis deveriam ser obra de ficção, e esta é uma delas. Um belo dia estava o Rei David, o maior rei judeu de todos os tempos, no terraço de seu palácio quando foi arrebatado pela visão de uma lindíssima mulher nua se lavando em uma casa vizinha, era Bate-Seba. Então o rei chamou a mulher e a possuiu, mas ela era casada. E para encobrir seu pecado David comete um crime grave, mandando o marido de Bate-Seba, Urias, para a morte. Quando o profeta Natã veio avisar o Rei de que Deus sabia de seu crime e que haveria gravíssimas consequências, foi que David se deu conta do tamanho do erro que cometera, caindo em profunda tristeza e arrependimento.
Movido, menos pelo medo das consequências, mas pelo temor de ficar longe da presença de Deus, ele, que já fora chamado de “homem segundo o coração de Deus”, escreveu um dos mais belos salmos da Bíblia, o 50 da Bíblia católica ou 51 da protestante, expressando todo sua tristeza e pesar pela possibilidade de ficar distante da alegria de estar com Deus.
Pois bem, no século XIV de nossa era houve várias versões musicadas desse Salmo, Miserere mei deusEntão, na décima segunda tentativa, por volta de 1638, o frade e compositor italiano Gregorio Allegri compôs uma versão à capela que ficou tão bonita que o Papa Urbano VIII, impressionado com a beleza da música, limitou sua reprodução apenas à Capela Sistina no Vaticano, e somente às quartas e sexta-feira da Semana Santa. Quem ousasse entoar esse salmo fora do local e data expresso no decreto papal corria sério risco de ser excomungado. O objetivo desse secretismo, provavelmente, foi a tentativa do Papa de manter a sensação de mistério e sacralidade em torno do Miserere mei deusde Allegri.
Somente três exemplares da música foi autorizado ser reproduzido, um para um importante estudioso de música, outro para o Sacro Imperador Romano e a última para o Rei de Portugal, que reclamou ao Papa pelo fato da versão ter sido muito simplificada. Mas, cerca de 100 anos depois, um garoto austríaco de 14 anos visitando Roma numa quarta-feira ouviu o Miserere mei deus no Vaticano e depois, em casa, transcreveu toda a música de memória. Esse garoto teve que retornar na sexta-feira para ouvir novamente e fazer algumas correções. O nome desse garoto era Wolfgang Amadeus Mozart.  Foi ai que a música começou a ser disseminada.
Porém, em 1831, o maestro e compositor alemão Felix Mendelssohn resolveu fazer sua própria reprodução. Mas a versão que ouviu foi cantada um quarto mais alta que a original, e Mendelssohn reproduziu esse erro com algumas notas mais altas. Ocorre que 50 anos depois, em 1880, o “Grove’s Dictionary of Music and Musicians” se baseou nos escritos de Mendelssohn e, dado à popularidade desse dicionário de música, essa foi a versão final e aceita do Miserere mei deus até os dias de hoje.

Catena Áurea Lc 11,47-54

Evangelho   (Lc 11,47-54) —  O Senhor esteja convosco. —  Ele está no meio de nós. —  Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  +  segundo L...